.

quinta-feira, 9 de abril de 2009


Já se percebia um clima um novo ambiente na Azenha antes mesmo da partida. Pelo horário da partida, que ainda lembrava Gauchão, a única preocupação de quem se dirigia ao Monumental era chegar a tempo de ouvir o anúncio do time pelo locutor do Olímpico. Nenhuma curiosidade sobre algum jogador específico que estaria ou deixaria de estar em campo. A ansiedade era de ter a certeza que não foi um sonho e, de fato, o nome Celso Roth finalmente não seria pronunciado pelos auto-falantes. Marcelo Róspide, auxiliar técnico, provavelmente nunca mais terá seu nome tão ovacionado na vida. Simplesmente por estar ali. Daqui pra frente tudo vai ser diferente, cantarolava até quem não conhece a música.

Com a bola rolando, porém, não pareceu tão diferente assim. O Aurora não oferecia nenhuma resistência e nem deveria. Estavam lá por ganas de turismo e quem sabe por um pontinho, que poderia vir mais pelo cansaço do Grêmio do que por seu futebol. O tricolor continuou criando chance atrás de chance e perdendo gol atrás de gol. Maxi por cobertura, Maxi de cabeça pra fora, Herrera para defesa de Dulcich em duas oportunidades, Herrera driblando dentro da área e chutando para fora, Fábio Santos na cara do gol e na perna do goleiro, Makelele dentro da pequena área com o goleiro batido.

O gol só aconteceu, como aconteceria mais cedo ou mais tarde, aos 32 com Rafael Marques. Um resultado magro, mesmo contra o Aurora, até encontraria justificativas pela seqüência incomum de dois jogos em dois dias e o hiato no comando. O problema é que deixaria a sensação da permanência de Roth, mesmo que oniricamente nos recantos escuros do Olímpico da maldição dos gols perdidos ainda viva. Uma bola na trave naquele momento acabaria com o diazepan da enfermaria.

Bendita seja a cabeçada de Maxi Lopez que encontraria essa trave em um passado muito recente, mas não ontem. Bendito o voleio desajeitado de Réver num surungo na área, que aquele zagueiro embaixo dos paus tiraria se o jogo fosse semana passada. Benditos sejam os pingos de amor novamente entoados, Benditos sejam os bacuris de Maxi, Herrera e Makelele. Bendito seja o mau humor e atuação de Souza, cujo mal é literalmente sono. Bendita seja a cerveja sem álcool, gostosa como nunca mais será na copa. Bendito seja o novo técnico, seja ele quem for. Bendita seja a tranquilidade e todas as suas pieguices.

Cristian Bonatto

0 comentários: