.: Variedade, qualidade…

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Variedade, qualidade…

Os cofres tricolores precisam ser preenchidos anualmente com um valor x, necessariamente vindo da venda de novilhos jovens formados no próprio clube. Até aí tudo bem, nenhum clube brasileiro conseguiria manter o equilíbrio financeiro caso não houvesse negociação de jogadores. Quem não tem dívidas para saldar que jogue a primeira pedra. Enquanto outros clubes ficam eternamente esperando suas dívidas caducarem, o Grêmio colocou em seu planejamento estratégico limpar o nome no SPC e SERASA. Isso mesmo, bem como no seu caso, ou no mínimo, de metade dos teus parentes. Com a diferença que ainda não nos é permitido produzir filhos para venda.

Tudo isso a gente ENTENDE, ou faz um esforço para isso. Mas seria muito mais fácil de ACEITAR, se não ficasse aquela impressão geral de que cada vez mais o Grêmio vende muito mal seus atletas. Desde que o Guerreiro mandou colocar a faixa de “não vendemos nossos craques” que percebemos até hoje o Grêmio vem se posicionando no mercado mundial como uma loja “preço baixo, variedade e qualidade é aqui nas casas tal”. Anderson foi vendido por € 8 milhões ao Porto, que logo depois revendeu ao Manchester por € 32 milhões. Carlos Eduardo foi para o Hoffenhein pelos mesmos € 8 milhões e finalmente evoluímos ao vender Lucas por € 9 milhões mais 10% em venda futura (pena que neste caso, o comprador não é um time revendedor e Lucas deve ficar por lá por muito tempo).

…e preço baixo!

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Uma pena que a capacidade gremista de produzir craques não é a mesma para valorizá-los. Forma em mais quantidade e qualidade que São Paulo, Corinthians e Inter, mas e são estes os clubes brasileiros que mais lucram em suas vendas. Uma maior mídia espontânea pode explicar o caso dos dois primeiros. Mas não explica uma comparação entre as negociações de Anderson e Pato. O Inter levou € 12 milhões a mais por uma eterna promessa, enquanto o Grêmio vê o Anderson - ontem , hoje e sempre melhor que Pato - ser eleito o melhor sub-21 da Europa de 2008. Compare no ranking também a posição de Anderson com a de Breno do SP (US$ 19 milhões) e Renato Augusto do Flamengo (€10 milhões).

Qualquer vendedor de miçangas na Redenção sabe que quanto mais barato vender seu produto, mais o pessoal vai desvalorizá-lo. O Grêmio não. Agora é a vez do Spartak chegar na Europa dizendo que levou um dos melhores volantes do Brasileirão por € 8 milhões (sendo que metade já fica com empresários). Nem vão precisar responder em que loja que acharam essa oferta. Por lá todos já sabem o endereço do “tudo por € 8 milhões” brasileiro.

Preços válidos enquanto durar o estoque (também em ano de Libertadores).

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Isto que estamos em ano de Libertadores, só ela já dá TRÊS boas razões para que o Grêmio se desse o devido valor e agisse com menos afobação: 1) A chance de encontrar outro volante a altura é mínima, só o que falta ao Rafael é aprender a chutar mais. Mesmo não sendo o papel de um volante, pela sua idade e pouco tempo de profissional, VAI aprender. 2) Não há melhor vitrine que a principal competição do continente. Maior valorização ao natural. 3) Se houver AMBIÇÃO de vencer essa Libertadores, sua própria premiação cobre esse valor com sobras. Na última edição o campeão embolsou perto de R$ 11 milhões entre prêmios e cotas de TV, sem falar da arrecadação de bilheteria.

Isso que não entramos no mérito da importância da manutenção da espinha dorsal do time. Parece que “seqüência ao trabalho” no Olímpico é uma expressão que se resume apenas a comissão técnica.

Não quero acreditar que a direção esteja pensando pequeno para essa Libertadores e com isso está tratando de garantir as vendas apenas com a valorização obtida pelo Brasileiro. Digo AS vendas, por que tudo indica que não pára por aí. Não dou prêmio nenhum para quem adivinhar o valor máximo das iminentes vendas de Léo e Mattioni, pois a resposta é muito fácil.

Cristian Bonatto

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